segunda-feira, 10 de junho de 2013

JOSÉ PACHECO E A ESCOLA DA PONTE

   Pacheco não é o primeiro - e nem será o último - a desejar uma escola que fuja do modelo tradicional. Ao contrário de muitos, no entanto, o educador português pode se orgulhar por ter transformado seu sonho em realidade. Há 28 anos ele coordena a Escola da Ponte. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30 quilômetros da cidade do Porto, em nada se parece com as demais.

   A Ponte não segue um sistema baseado em seriação ou ciclos e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específicas. As crianças e os adolescentes que lá estudam - muitos deles violentos, transferidos de outras instituições - definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais. 

   A cada ano, as crianças e os jovens criam as regras de convivência que serão seguidas inclusive por educadores e familiares. É fácil prever que problemas de adaptação acontecem. Há professores que vão embora e alunos que estranham tanta liberdade. Nada, no entanto, que faça a equipe desanimar.

   O sistema tem se mostrado viável por pelo menos dois motivos: primeiro, porque os educadores estão abertos a mudanças; segundo, porque as famílias dos alunos apoiam e defendem a escola idealizada por Pacheco. 

   Quando jovem, esse educador de fala mansa não pensava em lecionar. Queria ser engenheiro eletrônico. Mas uma questão o inquietava: por que a escola ainda reproduzia um modelo criado há 200 anos? Na busca por uma resposta, se apaixonou pelo magistério. "Percebi que na engenharia teria menos a descobrir, enquanto na educação ainda estava tudo por fazer." Desse "tudo" de que tem se incumbido o professor Zé, como gosta de ser chamado, é que trata a entrevista a seguir, concedida à NOVA ESCOLA em São Paulo. 


A Escola da Ponte é bem diferente das tradicionais. Como ela funciona? 
JOSÉ PACHECO Lá não há séries, ciclos, turmas, anos, manuais, testes e aulas. Os alunos se agrupam de acordo com os interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa. Há também os estudos individuais, depois compartilhados com os colegas. Os estudantes podem recorrer a qualquer professor para solicitar suas respostas. Se eles não conseguem responder, os encaminham a um especialista. 



Existem salas de aula? 
PACHECO Não há salas de aula, e sim lugares onde cada aluno procura pessoas, ferramentas e soluções, testa seus conhecimentos e convive com os outros. São os espaços educativos. Hoje, eles estão designados por área. Na humanística, por exemplo, estuda-se História e Geografia; no pavilhão das ciências fica o material sobre Matemática; e o central abriga a Educação Artística e a Tecnológica. 


A arquitetura mudou para acompanhar o sistema de ensino? 
PACHECO Não. Aliás, isso é um problema. Nosso sonho é um prédio com outro conceito de espaço. Temos uma maquete feita por 12 arquitetos, ex-alunos que conhecem bem a proposta da escola. Esse projeto inclui uma área que chamo de centro da descoberta, onde compartilharemos o que sabemos. Há também pequenos nichos hexagonais, destinados aos pequenos grupos e às tarefas individuais. Estão previstas ainda amplas avenidas e alguns cursos d'água, onde se possa mergulhar os pés para conversar, além de um lugar para cochilar. As novas tecnologias da informação devem estar espalhadas por todos os lados para ser democraticamente utilizadas pela comunidade, o que já conseguimos. 


Os professores precisam de formação específica para lecionar lá? 
PACHECO Não. Eles têm a mesma formação que os de outras instituições. O diferencial é que sentem uma inquietação quanto à educação e admitem existir outras lógicas. Nossa escola é a única no país que pode escolher o corpo docente. Os candidatos aparecem geralmente como visitantes e perguntam o que é preciso para dar aulas lá. Digo apenas para deixarem o nome. No fim de cada ano fazemos contato. Hoje somos 27, cada um com suas especializações. 


Como os novos professores se adaptam à proposta da escola? 
PACHECO Há profissionais que estiveram sozinhos em sala durante anos e quando chegam constatam que sua formação e experiência servem para nada. De cada dez que entram, um não agüenta. Outros desertam e regressam depois. Mas nós também, por vezes, temos que nos adaptar. Há dois anos recebemos muitas crianças e professores novos, não familiarizados com a nossa proposta. Apenas a quinta parte do corpo docente já estava lá quando isso aconteceu. Passamos a conviver com mestres que sabiam dar aula e estudantes que sabiam fazer cópias. Foi necessário dar dois ou três passos para trás para que depois caminhássemos todos juntos. Precisamos aceitar o que os outros trazem e esperar que eles acreditem em nossas idéias. Essa é a terceira vez que passamos por isso. 


Qual o perfil dos alunos atendidos pela Escola da Ponte? 
PACHECO Eles têm entre 5 e 17 anos. Cerca de 50 (um quarto do total) chegaram extremamente violentos, com diagnósticos psiquiátricos e psicológicos. As instituições de inserção social que acolhem crianças e jovens órfãos os encaminham para as escolas públicas. Normalmente eles acabam isolados no fundo da classe e, posteriormente, são encaminhados para nós. No primeiro dia, chegam dando pontapés, gritando, insultando, atirando pedras. Algum tempo depois desistem de ser maus, como dizem, e admitem uma das duas hipóteses: ser bom ou ser bom. 







Enade

   O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) é, ao lado da análise dos cursos e das instituições, um dos meios de avaliação da qualidade da educação  superior no Brasil. A participação dos estudantes dos cursos avaliados é obrigatória e condição para a obtenção do diploma,sendo registrado no histórico escolar a situação de regularidade com o exame.
    Criado em 2004, o Enade substituiu o Exame Nacional de Cursos (também conhecido como Provão). Em sua sexta edição, a prova que mede as competências e habilidades dos estudantes nos respectivos cursos passou por algumas mudanças.
    As diretrizes principais ainda continuam as mesmas. Apenas alunos ingressantes e concluintes devem ser inscritos pelas Instituições de Ensino Superior (IES) para realizar o exame e há um ciclo avaliativo,com  duração de três anos, entre os cursos avaliados. O que mudou ao longo do tempo foi o critério para definir os participantes d a prova. Até 2009 era selecionada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) uma amostra entre os inscritos. Depois disso, todos os ingressantes e todos os concluintes tinham de realizá-la. Em 2011 novamente a regra mudou.
   A partir de 2011, o questionário do estudante passa a ser obrigatório. O preenchimento ocorre de forma on line em sistema próprio e a IES pode acompanhar o percentual de preenchimento dos seus estudantes, orientando sobre a importância do mesmo para a avaliação do curso.
   Todos os cursos de graduação são avaliados e no incio de cada ano, por meio de Portaria Ministerial, ocorre a divulgação dos cursos que integrarão o ciclo avaliativo naquele ano.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Síntese do artigo: Interdisciplinaridade e práxis pedagógica emancipadora de Lucídio Bianchetti e Ari Paulo Jantsch

O presente artigo reflete a relação interdisciplinaridade-práxis pedagógica emancipadora, que nos remete a um cenário marcado por diferenças.
Três concepções serão apresentadas a seguir:


-> Na busca da unidade - perdida - pelos sujeitos ( parceiros, holistas etc)

  •  Conta com muitos adeptos, ressalta-se que nas discussões iniciais sobre interdisciplinaridade no mundo e no Brasil, esta concepção ou tendência foi absoluta, ela atribui basicamente à divisão entre os campos conhecimento ( ensino, pesquisa e extensão).

-> No reconhecimento da natureza ambivalente das ciências (divisão e integração) 

  • Possui bastante destaque no cenário acadêmico, ao resgatar o processo de constituição dos campos disciplinares e das disciplinas, ultrapassam-se também os limites inerentes ao voluntarismo e reconhece a importância da especialidade e as contribuições que estão advindo dos estudos e pesquisas, enfatiza  a importância das diferenças para o desenvolvimento da ciência, da produção e da veiculação do conhecimento.

-> Da articulação da produção histórico-social do conhecimento e da produção histórico-social  da existência 

  • Congrega esforços no sentido de aprender o desafio do interdisciplinar na tessitura que se estabelece entre os processos de produção da existência e da produção do conhecimento, e esta produção está associada quando não depende, das formas próprias, idiossincráticas de os homens e mulheres, nos diferentes lugares e momento da história, produzirem a sua existência.

Produção histórico-social do conhecimento e da existência 

Essa tendência aceita a tendência anteriormente apresentada e radicaliza o conceito de história, pois desautorizam qualquer voluntarismo, evidenciando a necessidade que seja levada em conta outros pressupostos. 
Não podemos desconhecer todo esforço teórico-prático que se fez no sentido de transferir o modelo do mundo da produção (teoria e prática do taylorismo e do fordismo) para o mundo da educação.
Na prática isso se tornou um tecnicismo educacional no âmbito escolar na década de 70.
Nos dias de hoje fica evidente que é mais fácil na produção e na vinculação do conhecimento, sair-se melhor do espaço do interdisciplinar do que na especialidade.